Como o Yoga transformou nossa viagem..

Antes de começar a expedição eu já praticava Hatha Yoga. Há 5 anos comecei perceber a diferença no meu comportameto depois das aulas, alguns anos depois, no meu comportamento diário.  As práticas de respirações junto com as posturas e a meditação trazem um olhar distinto para o mundo, um olhar essencial de si mesmo, que pode ser simplesmente traduzido em paz.

Quando busquei pela primeira vez fazer yoga queria preencher um  vazio no meu peito, vazio que não conseguia entender o que era e nem de onde vinha.  Mais tarde acabei ficando frente-a-frente com ele e tive que tomar a importante decisão de enfrentá-lo.

Depois que você encontra uma paixão é muito cruel deixá-la de lado. Então no meio da nossa viagem, quando estávamos em Barcelona e tínhamos que decidir qual seria o próximo destino eu só conseguia pensar na Índia.  Em fevereiro de 2014 lá estávamos nós!

Confesso que o choque foi drástico, difícil de se aturar como ser humano. Por diversas vezes queria gritar e voltar para minha casa (se gritasse talvez nem eu escutasse o som da minha voz!). Se você conhece o norte do país deve saber do que estou falando, se não conhece vale a pena a experiência. Na Índia está uma das grandes feridas humanas do mundo. O sofrimento  e pobreza têm endereço.

Nas andanças em busca de Yoga e novas experiências encontramos o Shri Kali Ashram, no sul da Índia, em um vilarejo tranquilo cheio de praias maravilhosas  chamado Galgibaga. A Índia tem seus contrastes!

Chegamos no Ashram com o objetivo de ficar um mês em imersão praticando yoga e meditação, no fim ficamos 4 meses trabalhamos como voluntários e nos formamos professores de Yoga do sistema Kaula.

 Por quê?

A cultura tradicional indiana é maravilhosa e basea-se na felicidade de cada ser, pois acredita que cada ser que habita este planeta é divino em sua essência. E o Yoga tradicional chamado de sistema Kaula busca florescer e alimentar sua essência através do equilíbrio do corpo e da mente. Então, o objetivo passa a ser o florescimento da sua essência como ser. E quando você vive em sua essência é natural ser feliz, simplesmente por aproveitar cada segundo da vida vivendo-a.

Como?

O sistema kaula é uma combinação de posturas (asanas), respirações (pranayamas) e meditação através de uma sequência fixa milenar, no qual cada asana trabalha para o desenvolvimento do asana seguinte construindo a força, movimento e relaxamento necessários para equilibrar sua  estrutura  física, seus sistemas imunológico, endócrino e  circulatório e também os aspectos psicológicos da sua mente.

IMG_4002

O Yoga tradicional ayurvedico, assim como a medicina chinesa, acredita que quando você relaxa você permite que sua energia vital (prana) percorra os pontos de energia do seu corpo causando o equilíbrio natural. No sistema Kaula a meditação acontece ao longo de toda a prática, não somente ao final da sequência, o que ensina  seu corpo a relaxar em qualquer situação, mesmo que não confortável inicialmente, dentro e fora da aula. Além disso, o Yoga tradicional não é baseado na competição, tanto a competição com os outros quanto a competição com você mesmo, pois quando você está competindo é normal você querer fazer mais do que seu corpo pode naquele momento, causando lesões. O sistema Kaula respeita os limites do seu corpo, pois acredita que cada ser é diferente em estrutura, saúde e experiências de vida, então, cada pessoa passa por um processo diferente para chegar ao equilíbrio.

 Depois de viver e aprender tudo isso não dava para ir embora daquele lugar sem querer compartilhar com o resto do mundo esse sistema. Começamos a compartilhar o sistema Kaula como voluntários em Darwin (Nightcliff foreshore) na Austrália, durante 2 meses. No início tínhamos cerca de 5 alunos, e na nossa última aula eram 20 alunos. Para mim essa experiência ligada ao Yoga, mais uma vez, transformou nossa viagem, principalmente, pela sensaçãomaravilhosa de poder compartilhá-lo apenas porque acreditamos nele, de fazer pelo outro sem querer nada em troca e, também, por confirmar que o sistema Kaula é realmente rico para outraspessoas assim como é para mim.

DCIM100ANDRO

Um dia ainda quando estava no Ashram, na prática da tarde, eu entrei no estado meditativo profundo, mistura de sentimentos e cenas passageiras que não se traduziam em nada, mas era uma viagem interna para algum lugar que eu nunca tinha ido antes, um lugar pouco explorado e com medo de ser encontrado. Depois que voltei, a partir daquele momento eu sabia que eu estava me descobrindo aos poucos, que esse vazio dentro de mim podia ser preenchido, e nos dias seguintes descobri que poderia preenchê-lo com perdão e amor. Sim, somos seres errantes, mas somos divinos e quando aceitamos este fato é impossível não querer amar sem limites, essencialmente, a nós mesmos!  

DCIM100ANDRO

Simplicidade é a chave para uma vida bem sucedida- Centre for Alternative Technology

IMG_0933

“Simplicidade é a chave para uma vida bem sucedida”.

Durante os dias que estávamos trabalhando como Wwoofers na Lanlas Farm a Louis (uma das donas do hotel fazenda) nos contou sobre o CAT (Centre for Alternative Technology). Engraçado é que alguns meses antes, durante o Roadtrip nos EUA, eu havia pensando no CAT sem mesmo saber que ele já existia em algum lugar desse Mundo. A ideia de construir um lugar no Brasil no qual crianças e adolescentes pudessem assistir de forma prática algumas tecnologias verdes funcionando e aprender sobre elas, e seus impactos positivos sobre a Terra, rendeu bastante papo e não saiu da minha cabeça.

Chegamos ao CAT que fica próximo a cidade de Machynlleth em Wales. De cara já se nota a harmonia entre o centro e a mata preservada. A recepção é uma casa de madeira simples no meio da mata, rio e encosta de um cliff. Logo ao lado da recepção nota-se um bonde antigo movido pelo equilíbrio entre o peso da água, passageiros e o cliff. Incrível a experiência de ser transportado para cima de um cliff em uma engenhoca tecnologicamente simples, antiga e ecologicamente correta (soa um pouco contraditório não?).

As atrações estão expostas em nove diferentes classes de tecnologias: energia eólica, habitações ecolólogicas, hortas orgânicas, energia solar, compostagem, construções verdes, água, pontos de recarga de veículos elétricos e o bonde hidráulico. Sem dúvida a experiência de conhecer esse lugar me inspirou, assim como o faz com as milhares de pessoas que passam por lá todo ano. O importante é entender que existem opções tecnológicas simples, ecologicamente corretas e que podem diminuir muito desperdícios de recursos e gastos financeiros.

IMG_0841

Cozinha da casa ecológica. A casa ecológica do CAT foi construída abrangendo diversas tecnologias verdes e está repleta de informações sobre energia, recursos e bem-estar.

IMG_0891

Há um equipamento transformador de energia eólica em energia elétrica real no CAT aberto a visitação. É possível ver o seu interior (com todas as peças) e entender como este equipamento funciona.

O CAT começou da atitude de um grupo de jovens, na década de 70, que acreditavam que é possível sim viver bem, de forma simples, respeitando o equilíbrio natural do local onde se vive. Eles construíram o CAT (grande parte dele) com suas próprias mãos, recursos locais, inteligência, ideais e fé. Hoje o centro não é apenas um centro de visitação, é também uma Universidade e um centro de pesquisas avançadas em tecnologias alternativas.

Acesse mais informações sobre o CAT.

Why someone decides to work for free?

 
wwoof_web2
 
This is my first post in English so i’m sorry about any mistakes.

Do you know what WWOOF is? World wide Opportunities on Organic farms.

Once i heard about it i didn’t forget nevermore. Working on land with organics farming (something that in particulary i belive) somewhere in the World just for learning, eating and staying doesn’t seems too bad. Actually it really is not!

I’m here in Lanlas Farm in Wales for some days and i have been working through a self development and a hard physical challenge. Unfortunately on September’s end the vegetables and plants are already not growing well (what i expected be doing) so i had to do a lot of physical works like weeding plants even stones for gardening, painting, cleaning and building.

Well, what all this “bad” situation would bring to anyone? Self watching is the answer. Yes, when i arrived here rather then to come back i decided to get out of my zone confort. Certainly was a important decision. While working i paid attention in my body and my mind. Do you watch your body carefully? It’s not about its shape it’s just about its needs, signals, it includes wake up early make some exercises, eat health organic food, rest and sleep well. So far, i’m listening to mine and belive me the self changes can be wonderful.

In the same way now i pay attention on my mind then i try to watch all kinds of negative thoughts challenging myself to stop them. Practicing conversation in english is helping me a lot too. I can’t yet understand their English perfectly, but is getting better and better with days passing by. In addition i’m living and meeting another culture which is important to be kind and open to different people.

Anyway if you’re thinking about have some experiences like these i would like give you this tip: WWOOF. Choose the country and search more details on website http://www.wwoof.net/

Biosphere 2: Planeta Terra em miniatura

Você não conhece o Biosphere 2?

IMG_0645

Definição de Biosfera:

Biosfera (do grego βίος, bíos = vida; e σφαίρα, sfaira = esfera; esfera da vida) é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. (Wikipedia)

Já imaginou um grupo de cientistas iniciarem um experimento com o ‘simples’ intuito de recriar em pequena escala a Biosfera terrestre?

Em maio, chegamos ao deserto norte-americano, mais precisamente em Tucson, no Arizona, para visitar a minha tia Sandra. Sem grandes pretensões acadêmicas, planejávamos apenas matar a saudades e conhecer um pouco da cultura local, da fauna e flora.

Mas como a estrada sempre nos presenteia com surpresas, lá não seria diferente. Sabendo da minha “queda” por temas socioambientais, ela nos apresentou o Biosphere 2. Aclamado como um dos 5 maiores experimentos já realizados, a primeira vista, sua grande estrutura física em meio ao deserto impressiona.

A ideia surgiu em 1986 e foi colocada em prática em 1991. O sistema fechado era uma réplica desta biosfera que vivemos, nele foram artificialmente produzidos biomas básicos da Terra como um oceano com recifes de corais, pantanal, deserto, savana e floresta tropical úmida, mais de 3.800 espécies de fauna e flora foram introduzidas nesses biomas, inclusive 8 pessoas que foram confinadas à estrutura e responsáveis por manter o equilíbrio ambiental do Biosphere 2 por 2 anos.

IMG_0557

Oceano

IMG_0555

Floresta Tropical Ùmida

IMG_0575

Savana

Todo ar que estava lá dentro estava isolado do ar de fora, os habitantes do projeto tinham que manter os níveis de dióxido de carbono e oxigênio dentro do limite aceitável para não prejudicar a saúde de todos os seres vivos.  Os oito tripulantes do Biosfera plantaram, cuidaram, colheram e cozinharam seu próprio alimento organicamente (80% de autosuficiência), reciclaram 100% dos resíduos animais e humanos.

Além dos biomas, como se pode imaginar, um dos grandes desafios era manter diferentes temperaturas, umidade etc para cada bioma. Para fazer com que as condições fossem representativas, o complexo também contava com a tecnosfera, um sistema subterrâneo de máquinas, válvulas e tubos que manteve o Biosphere 2 monitorado e funcionando.

IMG_0577

Tubulações na Tecnosfera

IMG_0591

Tecnosfera

Os habitantes da expedição tinham quarto individuais, sala de jantar comum, sala de reunião e uma grande cozinha comunitária super equipada toda movida a energia solar.

Tenho que chamar a atenção para a arquitetura do complexo,  pois fiquei realmente fascinada com as formas dos prédios, muito originais. Por exemplo, para fazer com que os vidros da cobertura não quebrassem com as mudanças de pressão, o sistema de despressurização e pressurização do ar é formado por dois pulmões gigantes, engenharia das bravas, incrível.

IMG_0596

Sistema de pressurização e despressurização do ar, um dos pulmões da biosphere 2.

O projeto foi considerado inovador para a época, porém, apesar da sua grandiosidade tecnológica, talvez a sua maior inovação tenha sido no âmbito ideológico-científico.

John Allen o idealizador do projeto queria provar a importância de se estudar sistemas complexos a partir de uma visão holística em detrimento do reducionismo científico quase sempre aplicado na ciência que aprendemos até hoje nas escolas e universidades. Allen acredita que a relevância e riqueza deste projeto estava no próprio estudo do sistema de vida, na visão total do sistema que chamamos de biosfera. “Exercer esta visão holística nos ajuda a viver melhor pois induz o pensamento e a avaliação das nossas reais condições ambientais, também nos familiariza com a teoria dos sistemas complexos e suas formas dinâmicas, além de estimular nosso crescimento espiritual por encorajar a reflexão em nós mesmos como parte de um evolução maginífica da nossa casa no universo” .

Ao sair de lá, estava com dúvidas quanto ao amplo impacto positivo deste projeto, apesar das claras contribuições do ponto de vista ambiental. Uma iniciativa audaciosa, ao controlar componentes bióticos e abióticos mantendo a vida equilibrada em um sistema materialmente fechado. Naquele momento eu não me dei conta do descobrimento humano daqueles cientistas com relação ao impacto deles no ambiente e o impacto do ambiente neles.

Eles compreenderam mais do que outros seres humanos que literalmente fazemos parte da Terra, somos moléculas que se reciclam, como acreditava John Allen. Porém só compreendi esta real importância do Biosphere 2 depois de assistir ao depoimento de Jane Poynter no TED.

Jane, em seu depoimento, descreve a experiência de respirar um ar totalmente diferente de todos os outros seres humanos, exceto dos outros sete cientistas que estavam lá, e compara as duas biosferas,  a que ela viveu e vive. “Então o que aprendi? Bem, lá estou eu na Biosfera 2 fazendo pizza. Estou colhendo trigo, para fazer a massa. E é claro que tive de ordenhar as cabras e as alimentar para fazer o queijo. Levou-me 4 meses para eu fazer uma pizza na Biosfera 2. Aqui na Biosfera 1, eu demoro uns 2 minutos. Porque pego o telefone e digo, Ei, você pode entregar pizza? A Biosfera 2 é em essência um mundo em miniatura de 3 acres, totalmente isolado onde vivi por dois anos e 20 minutos.

Atualmente o Biosphere 2 está sob a gestão da Universidade do Arizona (http://www.b2science.org/) que usa o complexo para realizar pesquisas, cursos e abre-a para visitação. Se quiser conhecer mais depoimentos, curiosidades e informações sobre o Biosphere 2 acesse também http://www.biospherics.org/ .

IMG_0502

Biosphere 2

Referências

The man behind Biospere 2

John Allen created Biosphere 2 the worlds largest environmental experiment

Jane Poynter: Life in Biosphere 2

Entrevista com Abigail Alling

O que queremos dizer quando dizemos Cuba?

Procurada por suas maravilhosas praias de areia branca, mar de variados tons de azul, pela noite  de salsa em grande estilo e charutos,  esta ilha não esconde de nenhum turista atento que  ela vai muito além.

Não é preciso muito esforço para sair da zona turística, se é isso que você procura. A vida cubana acontece bem ali nas ruas, praças, avenidas, calçadões,  praias, nos campos de cultivo,  mistura de  crianças, idosos, adultos, gente trabalhando, brincando e conversando. É um país definitamente especial, não só pelas maravilhas próprias, mas, pelo mix intenso de percepções, tristezas e alegrias que Cuba oferece para um turista curioso, realidade que não vemos em qualquer país.

wih 1

O retrato de um cubano de contrastes

Gostaria de escrever sobre a crescente produção de alimentos orgânicos em decorrência dos últimos anos de embargo de pesticidas, mas não obtive informações suficientes.  Entrei em contato, erroneamente pela internet, com a Fundación de la Naturaleza y el Hombre que na década de 90 intermediou o projeto de Permacultura e agricultura orgânica em Havana, porém, não obtive resposta. Usei a palavra erroneamente pois foi justamente por falta de informação da minha parte, achava que seria possível ter acesso a internet em Cuba, na verdade, possível é, só que custa bem caro, como 7 USD  por hora de acesso, e só está disponível em alguns hotéis, estritamente, para turistas.  Caminhando pelas ruas de Havana não é visível o impacto ambiental  do uso de terras urbanas para produção orgânica, o que me pareceu estranho por ter assistido e gostado muito do documentário  O poder da counidade e por ter visto algumas reportagens e vídeos como este do portal permaculture inspiration for sustainable livng.

Mesmo assim, não faltaram pontos interessantes para compartilhar!

wih 3

Capitólio no plano de fundo de umas das ruas da Havana central

Assim como a internet existem outras restrições para aquisição de bens  em Cuba, e quase que totalmente, destinam-se  a cubanos pobres. Restrições já são conhecidas, todos nós já sabemos, mas por quais motivos turistas e cubanos ricos (músicos, famílias tradicionais e alguns servidores públicos) podem o que outros cubanos não podem?

Uma provável resposta é que a principal fonte de capital do país é o turismo, o socialismo de Cuba é indiretamente financiado pelo capitalismo, e tem ajuda  da Venezula e da China. Não é minha intenção, apesar de inevitável, discutir teoria de socialismo e capitalismo. Minha intenção é compartilhar vivências, informações e refletir se realmente dizemos o que queremos dizer quando falamos sobre Cuba.

Segundo Orlando, cubano com seus  30 anos, nos últimos 5 meses a repressão do governo militar está mais amena, agora cubanos podem conversar livremente com turistas para  prestar  serviços, no caso particular do Orlando o serviço de bicitaxi (como chamam o taxi de bicicleta). “Antes não podíamos falar livremente com  turistas e nem trabalhar como taxista de bicleta”. Neste mesmo período, cubanos eram proibidos de sair do páis, não só para os EUA, mas para qualquer lugar do Mundo. Para ele, o que mais incomoda não é não saber usar a internet, o pior é não poder trabalhar com aquilo que se preparou e estudou, pois os salários pagos pelo governo são baixíssimos e torna-se bem difícil viver bem (não tome a sua realidade como referência, é algo mais parecido com ter o que comer como família) trabalhando para o governo, além do fato de não existirem alguns campos profissionais como o das relações internacionais e comércio exterior.
Orlando também falou sobre  os carros americanos antigos (aqueles que são bem famosos aqui). Estes são geralmente comprados por estrangeiros que contratam um cubano como taxista e fazem muito dinheiro, outro exemplo são as edificações grandes e antigas que também são compradas por gringos, principalmente europeus, que as reformam e abrem grandes hotéis.

wih 2

Antigo conversível americano exposto para os turistas abonados

O  fato dos cubanos não poderem ter um negócio próprio grande ainda é intrigante, os cubanos podem ter seu pequeno negócio de garagem, pequenas vendinhas de comida, restaurantes, nada muito grande.
O que parece um absurdo, pois restaurantes como o de José, aliás ideal para quem está com saudades do feijão de casa, fariam um tremendo sucesso em toda ilha.

wih 4

José, um dos donos do restaurante bom e barato da rua Aguacate, sempre sorridente.

Nas andanças pelas ilhas e cidades de Cienfuegos, Santa Clara, Trindad, Cayo Coco e Varadero, nos deparamos diversas vezes com frases como “Viva o socialismo sustentável de Cuba”, ” O povo está no poder”, infelizmente, não me pareceu que o povo está no poder, principalmente, quando conversávamos com a família de Emílio, avô de duas crianças, que mora no apartamento com sua esposa, filho, nora e netos, no centro de Havana.

wih 6

Um dos outdoors comuns nas rodovias cubanas

Emílio disse que os cubanos não podem se manisfestar contra o governo, eles têm muito medo, não medo de desaparecer, mas medo de perder o emprego, perder benefícios de alimentação, educação e remédios, além de serem vigiados pelo governo, como eles já viram acontecer antes.
Ele também enfatizou sua preocupação com as próximas gerações “os jovens estão sumindo de cuba, não tem prespectiva de futuro profissional no país, e para as mulheres é pior, a maioria das jovens estão procurando um estrageiro para casar, prostituindo-se, ou simplesmente se formando e indo embora”. A consequência desse cenário é o declínio da qualidade da educação de Cuba, os bons profissionais não aceitam mais ganhar menos de 15 CUC por mês, os que ficam são aqueles que acabam aceitando, em maioria, os menos experientes.

Ao perguntar sobre a realidade de Cuba para outro cidadão, formado em comércio exterior (apesar de nunca ter exercido sua profissão) e atualmente trabalhando para uma das locadoras de veículos do governo, ele responde que  Fidel Castro é um grande gênio, conquistou a admiração do povo lutando na revolução ao lado de grandes pessoas como Che e Cienfuegos e tratou de manter a história bem viva na cabeça dos cubanos, e junto da sua enorme habilidade oratória, conseguiu convencer o povo durante 54 anos de que todos estavam trabalhando por uma nação livre, todos juntos contra o embargo do inimigo EUA, mas Cuba nunca foi realmente livre. “E quem diz o contrário é porque nunca viveu aqui”.

Ao nos familiarizarmos de alguma forma com diversos problemas que Cuba enfrenta percebemos que o capitalismo não é solução, nunca foi a longo prazo, pois mesmo de formas diferentes acabamos nos tornando  quase a mesma coisa.

Podemos acessar a internet de quase qualquer lugar do Mundo, podemos comprar nosso iphone, nosso carro e nossa casa pois podemos ampliar nossos negócios e nos desafiarmos, mas não podemos sair de casa sem medo de ser assaltado, furtado ou assassinado. Os cubanos podem, praticamente não existe violência lá, o sistema de saúde é bom e todos têm acesso. As pessoas são autênticas, inteligentes, alegres, se ajudam, as crianças brincam nas ruas sem medo. Os cubanos conhecem a história de seu país, têm orgulho daqueles que lutaram na revolução, mas sabem que um país não pode viver do passado, sabem que pessoas não devem ser intelectualmente castradas, e sonham com uma nação diferente pois sabem que quem lutou pela revolução cubana em 1957 não estava sonhando com este socialismo, mas infelizmente ainda esperam Raul sair do poder, como ele prometeu daqui 6 anos, na esperança do próximo presidente mudar esta realidade.

Existe um balança que devemos saber usar. Não podemos aceitar o nosso exemplo  capitalista como uma espécie de solução, pois apesar de poder sair nas ruas e protestar contra o que não concordamos, competir por vagas interessantes de trabalho, de poder escolher qual marca usar, de termos ao menos a chance de fazer o que amamos, somos uma sociedade doente.
Temos vários exemplos de que o capitalismo falha conosco e nós falhamos uns com os outros: a distribuição de alimentos é totalmente desigual, ao mesmo tempo que há fome  há desperdício de alimento, o acesso à terra socioambientalmente injusto, qualidade ambiental extremamente preocupante, a saúde piscicológia, física e espiritual das pessoas está cada vez mais frágil, a corrupção parece lei e a melhora da qualidade da educação parece crime.

Outros países mais “desenvolvidos” também sofrem ora com instabilidade econômica, desemprego, ora com o aumento do número de  usuários de drogas, grandes tragédias sociais devido a transtornos psicológicos, não existe  uma fórmula nem um exemplo exato a seguir.

Quando penso em futuro, não consigo enxergar muitos caminhos possíveis para uma nação como Cuba, que inibe pessoas de pensar, viver e realizar, que almeja apenas sobreviver, as custas de quem? De quê?

Erramos, mas podemos aprender e fazer diferente. Se não temos acesso a todo tipo de informação e não podemos dizer o que pensamos, deixamos de pensar, se não pensamos não criamos e não perseguimos sonhos, não mudamos realidades. Então, tenhamos cuidado sobre o que estamos falando quando citamos socialismo, quando citamos Cuba.

As vezes precisamos ver para crer no fato de que ainda não tivemos um exemplo real de sistema socialista.

Floresta nebulosa pura vida!

Viaje pela Costa Rica e garanto que ficará maravilhado com a diversidade de Reservas, Parques e atrações naturais deste pedaço de mundo.

Em meio as tentações Monteverde foi a cidade escolhida, Santa Elena é o nome do povoado central de Monteverde, para quem sai de San José (capital) rumo à Monteverde de ônibus deve procurar por Santa Elena no terminal San Carlos (Av 9 & Calle 12).

P1060764

Cidade tranquila, em cima e envolta por montanhas, as casas são simples e encantadoras, são como cabanas. A cidade é alta (1250m), portanto, o vento forte sopra constantemente e pode fazer frio a noite. A região atrai muitos viajantes aventureiros e amantes da natureza que buscam hiking, trekking, esportes radicais, pontes suspensas e observação da fauna e flora local diurna e noturna.

A Reserva Monteverde Bosque Nuboso é aberta a visitação, são 13 km de trilhas, que compreendem somente a 3% da Reserva, o restante é dedicado exclusivamente à conservação da fauna e flora e para a realização de pesquisas desenvolvidas pelo Tropical Science Center, localizado na própria reserva.

Ter a impressão que o valor (9 USD) cobrado na entrada da reserva é uma forma de sugar o turista é normal, mas, ao longo da caminhada você enxerga todo o sentido disso, a área é muito bem cuidada, as trilhas são feitas de maneira que asseguram quem visita e impactam menos o ecossitema, são bem sinalizadas e junto do mapa não é necessário contratar um guia, a não ser que queria aprender ao vivo, o que não me parece nada mal.

Árvores gigantes transpirando, correntes de ar saturadas de umidade que descendem devido ao encontro com a cordilheira de Tilarán fazem com que a floresta seja nebulosa. Quanto mais úmida, mais nebulosa e mais bonita!

IMG_9679

Não é fácil observar espécies de pássaros, mamíferos e anfíbios durante a caminhada, embora o ecossistema seja riquíssimo, possui 20% da diversidade de plantas e 16% da diversidade de vertebrados do Mundo, em um território que abrange somente 0,4% da superfície terrestre.

A atmosfera da floresta te envolve ao caminhar ouvindo cantos altos, baixos e diferentes de pássaros, insetos e anfíbios, respirando ar incrivelmente puro, admirando milhares de exemplos de comensalismo, parasitismo, predatismo, inquilinismo, competição e protocooperação entre as espécies da fauna local. O sentimento de paz é notável, daí renasce ou se intensifica o sensação de pertencimento ao natural. É admirável de se ver, mas mais do que isso, sentir como a Natureza se regula, se equilibra, mesmo tendo um número gigantesco de indivíduos e organismos, que dádiva habitar este Planeta!

Hoje em dia a floresta tropical nebulosa está ameaçada devido a grande vulnerabilidade a mudanças climáticas, especificamente, a mudanças na dinâmica das nuvens. O que me faz pensar que atitudes como a de George Powell, biólogo especialista em pássaros que ao conhecer a floresta em uma de suas expedições ficou maravilhado e trabalhou junto a outras pessoas para criar, expandir e gerir a Reserva Monteverde Bosque Nuboso, são atitudes realmente fantásticas.

Mas se nós não compreendermos que somos coresponsáveis pela conservação de outras espécies, ambientes naturais e, assim, pela conservação da nossa própria espécie através de cada atitude diária, pequena ou grande, construiremos o futuro, e vivê-lo talvez não seja aquilo que George Powell sonhou e nem o que nós sonhamos para nós e para aqueles que tanto amamos.

IMG_9628

P1060708

IMG_9623

O Tropical science center promove cursos de identificação de árvores tropicais e tem um programa de voluntariado para quem está afim de trabalhar e aprender mais sobre o lugar encantador.

Se você está interessando em saber mais acesse o site da Reserva Monteverde cloud forest