Bogotá em transformação

A escolha de passar por Bogotá foi uma coincidência, como aquelas coincidências de acontecem devido às escalas de vôos mais baratos, enfim, foram 2 dias de inauguração da expedição WiH muito bem inaugurados.

Dada a coincidência como futuro próximo, surgiram curiosidades quanto a dinâmica da cidade, costumes e cultura.

Tenho lido murmúrios (não muitos) sobre Bogotá verde, repetindo o termo que fora lido, gosto muito da palavra verde, ainda mais da cor, mas não acho que seja o termo adequado que remeta a sustentabilidade ou desenvolvimento socioambiental. Enfim, li sobre Bogotá e sustentabilidade, mais especificamente sobre a redução de cerca de 40% da sua frota de automóveis, e, como consequência, a redução significativa da poluição atmosférica na capital.

Apenas 2 dias é obviamente pouco tempo para analisar uma cidade seja lá qual for a perspectiva ou olhar, e socioambientalmente não é diferente. Mas, ao mesmo tempo, não se pode minimizar a oportunidade de analisar estando lá, mesmo que pouco, o ambiente está posto. Felizmente tive a sorte de conhecer um casal de rolos (bogotanos) muito especial, Guilhermo e Jenny, que dedicou parte de seu tempo para discutir e trocar ideias sobre a cidade.

Visão Aérea da Plaza Simón Bolívar, La Candelaria

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Quanto a redução da poluição atmosférica, parece-me que é uma das medidas adotadas pelo Governo frente ao projeto de desenvolvimento sustentável de Bogotá, outras iniciativas foram positivamente citadas também como desconto em impostos de serviços públicos, por exemplo abastecimento de água, para aqueles que participam da campanha de reciclagem de resíduos, menor preço para meios de transportes menos poluentes, descontaminação das águas, conservação da vegetação remanescente, construção e revitalização de espaços públicos, incentivo ao uso de ciclas (como são chamadas) ou bicicleta.

Apesar da significativa redução na frota de veículos e, a perspectiva redução maior no futuro, a Candelaria (centro da cidade) é invadida quase que totalmente pelo cheiro de combustão, talvez pela secura do ar, pelas ruas serem estreitas, talvez vários fatores juntos, impressionante a sensação de poluição atmosférica constante. O trânsito congestionado é viral no centro da cidade, começa no meio da manhã e acaba só no final da noite, intrínseco a Grandes Cidades? (trauma de São Paulo), as buzinas são descontroladas, frenéticas. As ruas por onde passamos não tem faixa de pedestre, é aquele vai e vem, mistura de carro, moto e gente.

Para ser sincera, fiquei surpresa com o incentivo público a reciclagem, e pensei: Por que não temos em São Paulo? Bom, é uma discussão legal, mas fica para as próximas. A gestão dos resíduos de Bogotá é como uma parceria público privada e, segundo o casal que citei anteriormente, funciona muito bem, o caminhão de coleta passa várias vezes durante a semana, pelo menos alí na Candelaria, o que me pareceu bem sincero, pois o centro é bem limpinho.

Quanto aos meios de transporte público destacam-se as busetas (pequenos ônibus antigos), que soltam fumaça preta que dá medo, e o transmilenio (ônibus moderno). Transporte particular é composto, principalmente por carros (claro!), motos e as bicicletas. Por incrível que pareça o transmilenio é mais barato que as busetas, porém, não abrange toda a cidade, há intenção de extinção das busetas ao longo prazo por serem mais caras e mais poluentes, para tanto, deverá acontecer uma expansão do sistema transmilenio. As ciclorutas são como as ciclovias, permanentes, e são mais utilizadas como meio de transporte principal pelas pessoas com piores condições financeiras. Finais de semana e feriados há ciclofaixas para lazer para toda a população. A cidade parece boa para andar de bici, ela é envolta por montanhas, há diversas favelas verticais distantes da parte central, mas a grande parte da cidade é plana.

A Eje ambiental é como uma praça extensa que passa por pontos importantes do centro cidade, apenas pedestres e o sistema de transmilênio passam por ela. A graça da praça é ser bem arborizada e, segundo Guilhermo (rolo), a praça foi pensada para equilibrar a natureza e a cidade. Guilhermo também chamou a atenção para a iniciativa pública de conservação e tratamento da qualidade da água. Existem algumas nascentes no topo das montanhas que provém água pura e potável, entretanto, quando essa água passa pela Cidade ela se torna imprópria para ingestão, assim, há esforços no sentido de conservar a potabilidade e pureza da água para que seja utilizada no seu estado natural.

Eje Ambiental

Eje Ambiental

Os resultados são visíveis, aos olhos de uma turista. Há aproximadamente 10 anos a cidade de Bogotá vem pensando e praticando o que podemos chamar de desenvolvimento sustentável, mesmo que a passos lentos, acredito ser, antes de tudo, muito positivo. Claro, quando comparamos com cidades sustentáveis modelos como Freiburg na Alemanha, Totnes na Inglaterra, a sensação é de que Bogotá terá um árduo trabalho nos próximos anos.

Para nós Sulamericanos vale muito a pena conhecer e tomar como exemplo diversas iniciativas que estão acontecendo na cidade de Bogotá.

Quer dar uma espiada na cidade?